A Real Companhia Velha possui 5 quintas no Douro, que perfazem 550 hectares de vinha, numa viticultura de montanha. E fazem mais de 230 vinificações, utilizando uma imensa variedade de castas tradicionais, algumas delas verdadeiras raridades. Com isto pretendem aprender mais sobre as vinhas, as castas e os terroirs onde se podem desenvolver melhor.
Numa recente apresentação de algumas colheitas da Quinta das Carvalhas, Pedro Silva Reis Júnior, Jorge Moreira e Álvaro Martinho partilharam com os convidados algumas informações, antes de se provarem vários vinhos.
A Quinta das Carvalhas tem 130 hectares de vinha, que se desenvolvem entre os 200 metros e os 450 metros de altitude. Jorge Moreira diz que a localização das vinhas é fundamental. E é também muito importante vindimar na altura certa, pois a estrutura da vinha muda todos os anos.
Por seu lado, Álvaro Martinho disse-nos que nas Carvalhas a diversidade de terroirs faz toda a diferença.
Esta empresa é constituída por pessoas, de cima abaixo, apaixonadas pelo que fazem.
As Carvalhas têm vinhas viradas a sul e a norte, com terroirs muito variados. A que se juntam uma enorme variedade de plantas e árvores, que ajudam todo o processo.
Recentemente o irmão Silva Reis mais novo, Tiago, juntou-se á equipa para melhorar a imagem das garrafas.
E foi então tempo de se provarem os vinhos.
- Carvalhas Branco 2022 – Gouveio e Viosinho
Notas exóticas no nariz, muito elegante, fresco e com apontamentos minerais. Na boca apresenta fruta muito suave, aveludado, com bela acidez a envolver o conjunto. Final médio num vinho moderno muito interessante.
- Carvalhas Tinta Francisca Tinto 2020
Duma cor granada clara apelativa, é ainda jovem no nariz, com ligeira fruta vermelha e muita elegância. Na boca apresenta bastante frescura, taninos redondos, frutos vermelhos maduros, notas de plantas silvestres e uma óptima acidez. Um conjunto muito elegante, um vinho delicado de que apetece sempre beber mais um copo.
- Carvalhas Tinta Francisca Tinto 2012
É sempre muito interessante fazer a comparação dum mesmo vinho, mas de colheitas diferentes, pois não há vinhos iguais, como não há anos iguais. Este Tinta Francisca 2012 apresentou-se num rubi claro, muito limpo. No nariz nota-se alguma fruta vermelha, mas também fruta passada, com alguma frescura, com ligeiras notas mentoladas. Na boca tem taninos bem presentes e bem ligados, acidez segura a ligar com a frescura e algumas notas de frutos vermelhos, especiarias e fumo, num conjunto onde a elegância é uma constante. Levemente seco e com final longo, o tempo de garrafa só lhe tem feito bem. Belo vinho.
- Carvalhas Vinha do Eirol Tinto 2021 – Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Barroca, Rufete, Bastardinho, entre várias outras castas, em vinhas velhas. Este vinho foi feito em pequenos balseiros de madeira e apresentou-se dum granada muito claro. Nariz muito interessante, com leves notas de frutos vermelhos maduros, groselha, cereja. Na boca é austero, mas fino, sedoso, vai evoluindo no copo, levemente fumado, madeira, ainda alguma fruta vermelha, com algumas especiarias. Final longo e muito elegante.
- Carvalhas Reserva Tinto 2021 – uvas das vinhas mais velhas, com muita presença de Touriga Nacional.
Apresentou-se dum rubi ligeiro, limpo. Nariz muito suave, com ótima fruta madura, sedoso e elegante.
Na boca é seco, com uma acidez fantástica, taninos poderosos, mas bem integrados, frutos vermelhos maduros, algumas notas de plantas silvestres e levemente apimentado. Grande final de boca num belíssimo vinho.
- Carvalhas Vinhas Velhas Tinto 2020 – castas misturadas em vinhas velhas.
Vermelho escuro muito limpo. Grande nariz, complexo, clássico, tradicional do Douro. Ataque de boca delicioso, intenso, muito fresco, rugoso, com leves notas de esteva. Alguma fruta preta, figos, ameixas e mesmo passas. Nunca mais acaba… Fantástico!
- Carvalhas Vinhas Velhas Tinto 2011 – mistura de castas de vinhas velhas.
Um ano mítico no Douro que deu grandes vinhos. Este apresentou-se dum rubi intenso muito limpo. Nota-se a evolução em garrafa, mas ainda está ali para durar muitos anos. Aromas complexos e muito elegantes, entre fruta e plantas silvestres, aveludado, delicioso. Na boca mantém a complexidade, enigmático, bela estrutura, grande intensidade vínica. Notas de madeira e especiarias, taninos secos e muito elegantes. Ainda tem frescura e uma acidez suave que envolve todo o conjunto. Final de boca intenso e muito longo.
Um grande, grande vinho!









Muitos outros vinhos se poderiam ter provado desta empresa que é uma referência no Douro, tal a variedade que produzem.
Foi uma prova muito didática, com vinhos de enorme qualidade.
O Douro no seu melhor…