R. Brito Pais, 217
4450-337 Leça da Palmeira
Telefone: 22 995 5761
Fecha segunda-feira à noite e terça-feira.
António Alves montou o seu primeiro restaurante em 1974, na rua de Almeiriga, Leça da Palmeira, a que deu o nome de Casa Alves. Rapidamente se tornou famosa, pela simpatia do serviço e a qualidade da comida. Introduziu em Leça da Palmeira as lulas á Setúbalense e a carne de porco á alentejana, que eram os pratos mais procurados.
Em 1977 foi a vez de deixar esse espaço e montar, com familiares, O Alves, também em Leça da Palmeira, mas quase em frente ao mar. Até que, em 1980, resolveu ficar novamente sozinho, com a ajuda da mulher e surgiu o Grade, ainda em Leça da Palmeira. Que não só resiste até hoje, como tem evoluído imenso, sendo hoje uma casa de referência no norte do país. Em 1998 o filho, António, juntou-se aos pais, depois de acabado o curso de hotelaria e mais tarde foi a vez da irmã, Márcia, também depois de se formar, se juntar á família. No ano de 2001, infelizmente depois do desaparecimento do pai, foram feitas obras de modernização no restaurante, tornando-o mais moderno e funcional.
Os dois filhos continuaram o trabalho do pai, com a ajuda da mãe, e agradecem-lhe o que lhes ensinou e o legado que lhes deixou. Que souberam aproveitar, transformando o Grade num restaurante de sucesso, alicerçado numa equipa profissional competente e que, na sua maior parte, está na casa há já muitos anos. É o caso da Fernanda, a cozinheira, que está com a família Alves há 37 anos. E é das suas mãos e da sua equipa, que saem pratos tradicionais fantásticos, que foram angariando o favoritismo duma clientela exigente, que ali vai vezes sem conta. Muitos clientes são já amigos da casa, seja para almoços de trabalho, para almoços de fim-de-semana, seja para jantares com familiares e amigos. É uma casa que inspira confiança e que dá imenso valor aos produtos portugueses frescos, genuínos, sempre respeitando a sazonalidade. E que ao longo dos anos foi criando laços de amizade e confiança com a maior parte dos fornecedores. Em 2018 fizeram obras novamente, desta vez procedendo a algumas alterações de fundo, como foi o caso da construção duma garrafeira subterrânea, onde repousam os vinhos de topo, entre nacionais e estrangeiros. A carta de vinhos é uma referência neste Grade e é uma das paixões do irmão António, que partilha com muitos dos clientes da casa.
Á entrada do restaurante um pequeno bar com balcão que dá acesso á cozinha e que é muito utilizado para entregar os take away, o que já acontecia antes da pandemia, muito utilizado ao fim-de-semana. Dois degraus depois é a sala principal, ampla e cheia de luz, pois a parede que dá para a rua é uma ampla vidraça. Outra das paredes é ocupada por enorme espelho, onde está inserido o ecrã de televisão. Do outro lado são armários repletos de garrafas de vinho, muito apelativa. Entre esta sala e a cozinha é o acesso á garrafeira subterrânea, que se pode ver através dum tampo de vidro muito espesso, que abre se a quisermos visitar. Depois dum balcão de serventia é a outra sala, na mesma com muita luz, mas mais recatada. Amesendação impecável, com bons atoalhados e copos de grande qualidade pois, como já vimos, ali trata-se o vinho com muito rigor, a começar nas temperaturas adequadas.
Pão, broa e azeitonas vêm para a mesa, assim como alguns petiscos que variam muito. Pode ser presunto e salpicão, chouriço ou morcela grelhados, umas petingas ou jaquinzinhos fritinhos, bolinhos e pataniscas de bacalhau, até mesmo algum peixe de escabeche ou umas soberbas amêijoas á Bulhão Pato. Há sempre sopa óptima, seja de legumes ou de peixe. O peixe fresco está sempre presente, vindo todos os dias de Matosinhos: robalo, cherne, garoupa, linguado, peixe galo, polvo, lulas e vários outros, conforme o que o mar vai dando. Mas as carnes também se recomendam, sejam de porco, de vaca ou de cabrito. Ao fim-de-semana há sempre cabrito assado no forno, com batatinha assada e arroz de forno, muito bem temperado, excelente, com clientela certa, o que não admira. E ali se fazem umas tripas á moda do Porto de truz, com todos os matadores, muitíssimo boas. Mas também aparecem umas febrinhas de porco alentejano na companhia de batata frita ás rodelas ou aos palitos grossos com a sua casca, uma delícia. A vitela assada no forno é acompanhada de batatinha assada e, á parte, arroz de enchidos delicioso. Um simples bife do vazio é um hino ao bom gosto, carne tenra e suculenta, bem temperada, para depois molhar o pãozinho no molho. As lulas fritas, ás rodelas, crocantes, são deliciosas. Uma das tradições de Leça da Palmeira são os filetes de pescada fresca, que aqui são excelentes e servidos com óptima salada russa ou simplesmente com arroz branco e salada mista bem temperada. Os peixes de grande porte, assados no forno, são outra delícia, assim como as massadas de peixe. As cataplanas são normalmente confeccionadas com peixes gordos como rodovalho, garoupa ou cherne, com batatas, cebola e tomate. No final, a cataplana vai á cozinha para lhe serem acrescentadas massinhas de cotovelo e volta á mesa para apreciarmos uma sopinha com aquele caldo rico do peixe, bem quente, uma maravilha. Umas postas e as cabeças do peixe galo, partidas a meio, são servidas bem fritinhas e podem ser acompanhadas por uma açorda das ovas do peixe ou um arroz de amêijoas e coentros. Ou com ambos, tal a qualidade do que vem no tacho.
Fecha-se um repasto farto com o leite creme queimado, arroz doce e aletria fantásticos e que são sempre confeccionados na ocasião. E acreditem que vale a pena esperar dez minutos, são irresistíveis…
Este Grade tem vindo sempre a evoluir e está cada vez melhor.
Depois, um passeio até á beira mar só nos vai fazer bem…