Quinta da Faísca 270 – Favaios
Telefone: 934 030 209
Rui Cunha e Gonçalo Lopes tornaram-se amigos na universidade, o Gonçalo dedicou-se á viticultura e o Rui á enologia. Cedo fizeram uma sociedade que foi dando consultoria a vários produtores, sobretudo no Douro, mas também nos vinhos verdes e em Trás-os-Montes. Até que alugaram as instalações e adega da propriedade do pai do Gonçalo, a Quinta da Faísca. Que fica em Favaios, no lugar da Faísca, que assim é conhecido devido ás muitas trovoadas e consequentes relâmpagos que ali se observavam.
Remodelada a adega e melhoradas as vinhas, ali funciona a “Secret Spot Wine”, produzindo vinhos brancos, tintos e rosés e a grande especialidade desta pequena região, o Moscatel de Favaios. Desde muito cedo que os dois sócios procuraram pequenos produtores que pudessem ter vinhos velhos guardados e mesmo esquecidos. Dos vários vinhos que encontraram e adquiriram, vieram a fazer um Moscatel com mais de 40 anos que é soberbo, entre outros.
Das muitas vinhas saem todos os anos as uvas para produzir as várias marcas da empresa, sobretudo Vale da Pôpa, Lacrau, Crooked Vines e Sectet Spot.
Exportam uma boa fatia dos seus vinhos, que são premiados em vários concursos e muito bem aceites pela crítica. A trabalhar com eles está um enólogo residente, o Hugo Araújo, que toma conta duma adega que foi recuperada e equipada com moderna tecnologia para satisfazer todas as necessidades. Lá fora está sempre estacionada uma velha camioneta de caixa aberta “Bedford”, com grande tradição na região duriense, muito bem recuperada. E que é muito utilizada para várias situações, mas é imprescindível nas vindimas. São veículos relativamente curtos e por isso com bom acesso ás vinhas, mas que têm grande tracção e por isso carregam com muitas caixas de uvas de cada vez, agilizando assim as vindimas.
É a tradição associada á modernidade, aqui muito bem representada.
Para além de receberam visitas e proporcionarem provas de vinho, também podem, por encomenda prévia, fazer serviços que incluem refeições, hoje com alguma limitação de participantes.
Em recente visita, provaram-se alguns dos seus vinhos extraordinários, que se descrevem a seguir.
Lacrau Branco 2017 – grand cru de Moscatel Galego Branco de Vinhas de Favaios. Uma casta de que gosto imenso e aqui trabalhada com rigor e bom gosto. Sem ser exuberante de mais, com alguma intensidade mas sempre equilibrado, muito seco, um delicioso branco moderno. Para acompanhar algumas sobremesas doces e queijo Terrincho curado, enquanto se ouve a voz fantástica de Tom Waits a cantar “Hold On”.
Lacrau Branco 2017 Vinhas Velhas, com 16 meses de barrica, barricas mais usadas. Cheio de complexidade, desafiante, os aromas vão evoluindo cada vez que se leva o copo ao nariz. E vai por ali fora na boca, intenso, cheio, mas ao mesmo tempo elegante, sedoso, a madeira muito bem integrada, um vinho excitante. Acompanha bem algumas carnes brancas como um perú assado no forno. E ouve-se
Dona Oxford a tocar um excitante boogie-woogie.
Lacrau Garrafeira Branco 2011 e 2013 que está 3 anos em barrica, e de que fazem 1000 litros. Vinhos difíceis de descrever, tal a sua complexidade aliada á qualidade. São vinhos para provar e beber com tempo, é necessário deixá-los abrir no copo, depois de serem decantados, o que é fundamental. São vinhos de contemplação, embora possam fazer muito boa companhia a alguns queijos curados velhos. A ouvir o piano de Arthur Rubinstein interpretar Chopin, concerto nº 2, de olhos fechados…
Lacrau Tinto Reserva 2015 Field Blend – embora na vinha sejam castas separadas, vindimam tudo junto e fermentam assim. Estagia em barricas usadas e é um vinho muito exótico, profundo, com alguma intensidade aromática. Na boca é cheio, intenso, com notas de madeira ligeiras bem casadas com os frutos vermelhos que ainda se notam. Algo especiado, tem acidez muito equilibrada e belo final. Pede um cabrito assado no forno com arroz de miúdos, a ouvir João Gilberto e Caetano Veloso a cantar “O Pato”. É delicioso…
Secret Spot – 2014 – a busca das vinhas velhas em locais diferentes. E só eles é que sabem onde são as vinhas e que castas compõem estes vinhos. Um segredo bem guardado aliado ao fino humor que lhes é conhecido. Dependendo da vinha engarrafam entre 700 a 3000 garrafas. Um vinho que é mesmo um “secret”, mas que se vai revelando durante a prova, vai abrindo no copo e é uma profusão de aromas que não apetece deixar de cheirar. Mas na boca revela-se um vinho cheio de elegância embora com bastante volume, muito equilibrado, já evoluído com o tempo de garrafa, que só lhe fez bem. E ainda está ali para durar. Será sempre um “secret”, que vai muito bem com uma galinha de fricassé, enquanto de ouve Madona a cantar… “Secrets”.
Lacrau Tinto Reserva 2015
Granada claro, muito limpo, aromas suaves mas persistentes de frutos vermelhos e notas de fumo. Delicado mas ao mesmo tempo intenso, muito harmonioso, notas de fruta madura e de plantas silvestres, esteva, húmus, deliciosamente elegante e guloso, para acompanhar um polvo assado no forno com arroz de polvo. Ao fundo ouve-se a voz poderosa de Joe Cocker a interpretar “You Can Leave Your Hat On”.
E não apetece deixar este lugar delicioso, está-se tão bem por ali…