A família Maçanita fez a adaptação de um edifício histórico, muito antigo, rodeado de amplos vinhedos, e ali funciona agora uma parte da adega deste produtor alentejano e da sua marca Fita Preta. António Maçanita é o mentor deste projecto familiar, juntamente com a sua irmã Joana, também enóloga, e ambos lideram uma equipa muito jovem e entusiasmada, que tem vindo a fazer vinhos cada vez melhores, entre vinhos tradicionais e outros completamente fora do baralho. Ali junta-se a tradição das velhas construções, muito bem adaptadas para a produção de vinho, com a modernidade duma parte da adega, construída de raíz, e em ambas foi colocada a mais recente tecnologia, que ajuda a viticultura e a enologia a produzir os vinhos que esta família gosta de fazer. A que se juntam velhas talhas de barro, também elas a passar para os vinhos a autoridade do tempo. Como sabemos os irmãos Maçanita produzem vinhos em várias regiões do país e são consultores de outros produtores, com assinalável sucesso: Douro, Lisboa, Algarve e Açores são exemplos de regiões onde também gostam de fazer vinhos. E que fazem mesmo muito bem. Mas aqui concentramo-nos nos seus vinhos alentejanos. São imensos vinhedos, quer próprios quer de outros viticultores, donde saem as muitas toneladas de uvas que vão ser trabalhadas nesta adega, a partir do final de Agosto, quando ali fervilham gente e máquinas por todo o lado.
Apesar da necessidade de ter as melhores condições para a muita maquinaria, não descuraram a parte estética, pondo o bom gosto que lhes é reconhecido nos mais pequenos pormenores. No velho palacete, são várias salas que albergam tapetes de escolha e prensas, bombas e cubas de inox e imensas barricas de madeira. Até a capela alberga agora barricas de carvalho onde os vinhos estagiam. No piso inferior da adega moderna, numa curiosa sala de provas, podem ser apreciados os vários vinhos deste produtor de referência. Mas ali também se fazem algumas refeições, numa sala com todas as condições, normalmente para amigos e convidados. Muitas vezes a cargo da mãe Maçanita, que nos delicia com a sua arte culinária, neste caso baseada em produtos alentejanos genuínos. E assim aconteceu mais uma vez. Mesa impecavelmente bem posta, onde os pequenos pormenores não faltaram, para começar com um delicioso pão alentejano e azeitonas bem temperadas.
Enchidos, queijinhos secos e um queijo amanteigado não podiam faltar, juntamente com alguns frutos secos, logo seguidos dos peixinhos da horta fofinhos e estaladiços e das empadinhas de galinha, outra tradição alentejana. Estava dado o mote para uma refeição em que se provaram alguns vinhos da casa, entre brancos, rosés e tintos. E mesmo um vinho feito na talha, mas que teve alguns problemas de aprovação da sua designação. O humor do António Maçanita não deixou escapar mais esta oportunidade e elaborou um rótulo que nos faz sorrir de imediato e que nunca mais esquecemos. Ainda por cima o vinho está óptimo! Depois veio um dos melhores ensopados de borrego á pastora que conheço…Uma perdição! Fechou-se um fantástico e simples almoço entre amigos com uma soberba sericaia com ameixas de Elvas. A conversa foi sempre á volta dos vinhos e o António não parava de abrir garrafas! Estávamos arrumados…
Mas ainda houve tempo para um passeio cá fora, a respirar aquele ar puro deste Alentejo de que guardo muito boas memórias.
Obrigado família Maçanita.