Quinta do Bonfim, 5085-060 Pinhão – Alijó
Telerf. +351 935 452 975
Mail – info@casa-dos-ecos.com
Terça-feira a Domingo
Aceitam reservas das 12h00 às 20h30
Fechado á segunda-feira
A Quinta do Bonfim, no Pinhão, é propriedade da família Symington desde 1896 e é um dos locais mais bonitos do Douro.
Ali funciona a adega para produção dos vinhos do Porto Dow´s, do melhor que se produz na região. A casa, tipo colonial, é belíssima, e mais acima, já no meio das vinhas, há uma ótima piscina, que pode ser muito útil durante os meses, por vezes sufocantes, do verão duriense. As vinhas continuam por ali acima, e é mesmo por ali que se destaca a Casa dos Ecos. Os Symington mais velhos lembram-se perfeitamente de andar por ali a brincar, ainda miúdos, e nunca terem entrado naquela quase ruína, pois acreditavam que ali habitavam bruxas. Quando gritavam, as bruxas respondiam com gritos terríveis, que os assustavam e afastavam da construção. Mas cedo se aperceberam que as vozes mais não eram do que o eco dos seus gritos e assim batizaram a casa de Casa dos Ecos. Mais tarde a casa foi recuperada duma maneira muito simples, para ser utilizada para pequenos eventos, sem grandes requisitos. Até que, recentemente, conhecedor daquele espaço, da sua beleza rústica e da paisagem magnífica, o chefe Pedro Lemos, amigo da família e grande apreciador dos seus vinhos, lhes propôs fazer ali qualquer coisa. E avançou com a ideia de montar um restaurante pop-up, mantendo a simplicidade da construção, mas equipando-a com todas as condições para poder servir refeições e petiscos todos os dias, durante todo o dia. Posta a questão á administração, e como disse Johnny Symington, demoraram pouco mais de 5 minutos a decidir avançar com o projeto.
Pouco mais de três semanas depois, eis que o sonho do Pedro Lemos não só ganhou corpo, como abriu ao público a funcionar em pleno. Foi então a vez duma visita de gente da informação, num dia tórrido de final de Julho no Douro.
A casa é belíssima, situada num plano elevado no meio de vinhas, que proporciona uma paisagem arrebatadora das duas margens do Douro e, lá ao fundo, a belíssima ponte de ferro do Pinhão. Com um enorme alpendre, uma bancada privilegiada sobre o Douro, onde também se pode apreciar o que este espaço tem para nos oferecer.
Com a temperatura que se fazia sentir, estávamos bem melhor lá dentro, na ampla sala com ar condicionado, muito eficientes. Muito bem decorada, com coisas da aldeia e mesmo uma enorme cepa de videira numa das paredes. Enorme pé direito que culmina num teto belíssimo, de travejamento de madeira. Ao fundo dois balcões, a todo o comprimento da sala, e por trás destes, armários e prateleiras, tudo numa madeira de tons claros a respirar qualidade. Muito vinho exposto e mesmo loiças e outros apetrechos utilizados neste belo espaço. Da mesma madeira são mesas e cadeiras, com muita simplicidade na amesendação, como se exige a um espaço que se quer descontraído.
Como disse o chefe Pedro Lemos na sua apresentação, é um espaço para as pessoas apreciarem a paisagem, se descontraírem e saborearem boa comida, seja uma refeição completa ou apensa petiscos e um copo de vinho.
Na “Casa dos Ecos” está-se bem, mesmo muito bem.
Uma das poucas exigências do chefe Pedro Lemos foi um forno de lenha. Que tinha mesmo que ser e foi ele a tratar do assunto. E lá está o imponente forno de lenha, de ferro, numa cor ocre avermelhada de grade beleza, a pesar mais de duas toneladas e com chaminé própria. Foi colocado estrategicamente á saída da cozinha, a ver-se da sala, uma beleza.
Feitas as apresentações, deu-se início ao almoço.
Enquanto era servido o Altano Reserva Branco 2018, vieram para a mesa vários tipos de pão da região. Este vinho é feito a partir de uvas da Quinta das Netas, vinhedos a 500 metros de altitude, com muito Viosinho. Fermentou em barricas e estagiou ainda em barricas durante 10 meses. Muita frescura, acidez intensa, alguma fruta muito equilibrada, boa estrutura, um vinho que promete. Fez companhia a uns deliciosos carapaus de escabeche, temperados no ponto, a cebola quase translúcida, muito bons. Ainda com o Altano, apreciou-se uma sopa à lavrador, autêntica, com vários legumes, feijão, cenoura e pedacinhos de carne, um caldinho delicioso. O chefe Pedro Lemos afirma querer que esteja sempre presente uma sopa, com os legumes disponíveis na época. Passou-se então ao vinho tinto, um Quinta do Vesúvio DOC Douro 2016. Estagiado também em barrica, com predominância de Touriga Nacional, presença de boa fruta vermelha madura, algum floral e a frescura que aparece cada vez mais nos vinhos do Douro. Um belo tinto para fazer companhia a umas costelinhas temperadas em vinha d’alhos na companhia duns tradicionais milhos, um prato bem duriense. Até há uma confraria dos milhos na região. O mesmo vinho tinto fez ainda companhia ao prato mais apreciado da refeição, um arroz de pato preparado no forno de lenha. Servido em tradicionais recipientes de barro vermelho, redondos, com um aspeto de encher os olhos, tostadinho, dourado, com alguns enchidos e fumeiro por cima, também tostadinhos e muito saborosos. Metida a colher, revelou-se soltinho, mas ao mesmo tempo húmido, com a gordura certa. Com carne do marreco abundante, estava muito bem temperado, extraordinariamente saboroso, excelente.
Fechou-se o repasto com um doce também preparado na casa, tarde de maçã de massa folhada com creme de limão, logo seguida pelas queijadas de alfazema, feitas com alfazema da quinta, que podíamos ver por todo o lado. E beberam-se dois vinhos do Porto da Quinta do Bonfim: o Quinta do Bonfim 2006 Vintage Port e o Dow´s Colheita Single Year Tawny Port 2009. Dois clássicos que se adaptaram muito bem às duas propostas do chefe Pedro Lemos, servidos á temperatura certa.
Uma das coisas que aqui se vai fazer constantemente é utilizar o mais possível de produtos regionais, ajudando assim também os pequenos produtores, defendendo conscientemente a sustentabilidade da região. Aliás tem sido apanágio desta família a preocupação com as gentes da região e com a sua sustentabilidade, o que é de louvar.
Um espaço extraordinariamente bonito, confortável, acolhedor, que vai certamente ser um sucesso.
Na hora de regressar, olhando para a beleza da Casa dos Ecos, pareceu-me ouvir as bruxas a dizer: não vás embora, não vás embora, não vás embora…
Claro que estou ansioso por ali regressar!