Cristiano Vanzeller pertence a uma das mais antigas famílias produtoras de vinho do Porto, no Douro. Está-lhe no sangue, no ADN, é daquelas pessoas que respira o Douro, que não consegue passar sem aquelas paisagens, aquela vegetação do monte, urze, esteva, carqueja, caruma dos pinheiros, sem os castanheiros e, claro, sem as vinhas. Por isso também nos habituou a fazer vinhos fantásticos, entre brancos e tintos, mas que tem um particular carinho quando prepara tudo para fazer os seus Portos. Seja Tawny, seja Ruby. E nestes, os Vintages são muito particulares.
Como é o caso deste Vintage de 2017. Um ano que se tem revelado absolutamente extraordinário, ao ponto de muitos provadores e conhecedores o compararem já aos míticos Vintage de 2011.
Este Vintage Quinta Vale D. Maria de 2017 apresenta-se com nova roupagem, mais moderna e apelativa, com um bonito rótulo de fundo preto com letras brancas em cima e vermelho vivo em baixo.
Foi provado em copo grande, de vinho tinto, a uma temperatura de cerca de 14º centígrados.
Vertido no copo, apresentou-se de um vermelho carregado, quase opaco, muito escuro, deixando marcas oleosas no copo. Nariz intenso, com muitas notas florais e com imensa fruta preta, tipo amoras, ameixas e figos e notas especiadas muito agradáveis. Na boca é poderoso, cheio de estrutura, que lhe confere autoridade. Revela-se um vinho complexo que nos desafia constantemente, com a fruta preta a dominar de início, para depois serem as notas de fumo, algum chocolate, mesmo algo mentolado. Uma acidez intensa a dar equilíbrio a todo o conjunto, que tem um final de boca muito longo em que sobressai um delicioso apimentado. Pode ligar-se este vinho do Porto com vários tipos de gastronomia, sobretudo queijos de pasta mole – Serra, Azeitão, Serpa, Castelo Branco – mas eu prefiro apreciá-lo sózinho, recostado no sofá, de olhos fechados, a ouvir Van Morrison interpretar The Healing Game…
Um grande vinho do Porto!
