«Com inovação e humildade, aceitando a opinião dos outros, poderemos atingir a qualidade que desejamos, sem nunca esquecer o nosso passado.» – Carlos Peixoto
No ano de 2019 a precipitação foi bastante inferior à do ano anterior. Face a 2018, durante o ciclo vegetativo, o nível de pluviosidade caiu para um terço dos valores registados anteriormente, chegando a menos 35% na Quinta dos Bons Ares. No início do ano, as temperaturas registadas foram elevadas, mas Agosto e Setembro, em relação à média anual, apresentaram uma queda de temperatura.
CICLO VEGETATIVO
A rebentação, floração e fecho dos cachos aconteceram 12 dias mais cedo do que em 2018. Tudo apontava para uma vindima mais precoce, mas a vindima teve início, praticamente, na mesma data de 2018, uma consequência da baixa de temperaturas registadas em Agosto.
PRODUÇÃO
A produção das quintas teve um aumento de 29%, com um acréscimo de 40% na Quinta de Ervamoira, tendo registado a maior produção de sempre.
VINDIMA
Na Quinta de Ervamoira, no dia 22 de Agosto, a vindima começou com os brancos. Uma semana mais tarde, no dia 28, iniciou-se lentamente a colheita dos tintos que se prolongou até ao início de Outubro. As uvas brancas apresentaram-se com bons graus alcoólicos e uma excelente acidez natural, resultando em vinhos muito frescos e aromáticos. Os tintos apresentam uma frescura excepcional, boas graduações e fruta muito fresca.
Na Quinta dos Bons Ares, a vindima teve início a 7 de Setembro com um óptimo desempenho dos brancos equilibrados e aromáticos. Os tintos acabaram de ser vindimados no dia 4 de Outubro.
A Quinta da Urtiga, com as suas mais de 50 castas em socalcos pré-filoxéricos e submetida a práticas biodinâmicas, foi vindimada a 12 e 13 de Setembro. O vinho obtido desta parcela “mágica” apresentou-se vinoso, fresco e estruturado. Um vinho diferente.
Na Quinta do Bom Retiro a vindima decorreu de 14 de Setembro a 8 de Outubro. As diferentes castas foram amadurecendo, calmamente, beneficiando de dias quentes e ensolarados e de noites frescas, clima ideal para uma perfeita maturação. As vinhas velhas do Rio e dos Alhais demonstraram um bom grau e uma boa acidez, resultando em vinhos frescos e elegantes. O estado das uvas era perfeito.
2019 foi um ano marcado por uma enorme seca mas com temperaturas amenas, o que resultou no que quase parecia impossível: qualidade e quantidade.
VINHO DO PORTO
“Primavera e Verão extremamente secos, mas mais frescos que o habitual, sobretudo durante a noite resultando em maturações equilibradas e numa excelente acidez natural” – Ana Rosas

VINHO DO PORTO BRANCO
Os vinhos são deliciosamente frescos e frutados. O Lágrima Branco é vivo, aromático e muito apelativo. A produção foi muito generosa e de grande qualidade.
VINHO DO PORTO TINTO
Os vinhos apresentam uma boa cor, fruta madura com notas tropicais, uma frescura de boca maravilhosa e taninos bem integrados. A Touriga Nacional da Quinta do Bom Retiro e da Quinta de Ervamoira é deliciosa, floral, fresca e nervosa. A Tinta Barroca apresentou bastante corpo e frescura o que se revelou uma boa surpresa. O Sousão mostrou-se cheio de fruta viva, sendo uma casta fundamental para os nossos vintages e LBV’s. A Touriga Franca, que tanta dificuldade teve em amadurecer, acabou por se revelar muito interessante, com um perfil um pouco diferente do habitual, originando vinhos aromáticos com muitas notas resinosas, frescas e estruturadas. Finalmente, o Tinto Cão produziu vinhos elegantes e cheios de deliciosa fruta fresca.
Os vinhos das nossas vinhas velhas da Quinta do Bom Retiro apresentaram uma qualidade excepcional – aromáticos, concentrados e de uma frescura maravilhosa.
VINHO DO DOURO
“As temperaturas mais frescas no final do ciclo vegetativo permitiram uma maturação lenta e contínua das nossas uvas, o que se reflecte em vinhos que me parecem muitíssimo elegantes pelo tipo de fruta e frescura impar.” – João Luís Baptista

VINHO BRANCO
As características do ano resultam em vinhos brancos com uma qualidade muito interessante, com bom corpo, frescura e fruta madura. Os vinhos produzidos em solo de xisto revelam-se muito expressivos, largos e com fruta madura. Já os vinhos produzidos em solo granítico são mais delicados, com fruta fresca e uma óptima acidez.
VINHO TINTO
Os vinhos tintos do ano de 2019 são muito elegantes, aromáticos e com notas delicadas de frutos vermelhos e flores doces. Os taninos são maduros, suaves e com uma frescura incomum. Os vinhos concebidos em solo de xisto registam uma bela expressão de frutos vermelhos, vinhos elegantes, com taninos finos e excelente acidez. Os vinhos produzidos em solo de granito são mais florais, mais leves e com uma frescura característica deste tipo de solo.
CONCLUSÃO
Em 2019, a natureza brindou-nos com uma colheita excepcional em termos quantitativos e qualitativos. Apesar do ano extremamente seco, a maturação foi longa e lenta, com noites frescas durante todo o verão, criando perfeitas condições de maturação. Estes vinhos revelam-se frescos, frutados e muito equilibrados.