O Chryseia é daqueles vinhos do Douro que apresenta uma consistência incrível ano após ano. São as vinhas extraordinárias associadas ao clima do Douro e ás suas variantes, e é um terreno fantástico na região da Ervedosa, a proporcionar as condições ideais para produzir grandes vinhos.
A família Symington, juntamente com o seu parceiro francês Bruno Pratts, faz questão de apresentar a cada ano uma nova colheita deste tinto que já é uma referência no Douro.
Desta vez foi a colheita de 2022 que veio a público e o produtor escolheu o novo espaço do Pedro Lemos, ali mesmo em frente ao Douro, na zona do Ouro, no Porto.
Um espaço requintado, onde impera o bom gosto, muito espaçoso, elegância por todo o lado e um serviço de grande nível, como o chefe já nos habituou.
Feitas as apresentações, depois duma variedade de pequenos apontamentos culinários, sempre na companhia do champanhe Paul Roger, neste caso o belíssimo Rosé de 2018, chegava a hora do repasto.
Já sentados á mesa, fomos pacificamente “atacados” por um conjunto de entradas e pratos principais, difíceis de descrever, tal a variedade e a qualidade, de alto nível. O Pedro Lemos no seu melhor.
Veio então o motivo daquela tertúlia, o Chryseia 2022.






Como habitualmente, este vinho é produzido com uvas da Quinta de Roriz, da Quinta da Perdiz e uma pequena quantidade da Quinta da Vila Velha.
O ano de 2022 foi muito quente e seco, sobretudo nos meses de verão, aliás um dos mais quentes das últimas décadas. Mas as vinhas aguentaram bem essa pressão e a vindima decorreu com normalidade. Das tradicionais castas Touriga Nacional e Touriga Franca faz-se este vinho extraordinário que já é um dos clássicos tintos do Douro. De uma cor granada intensa, límpido, apresenta um nariz cheio de fruta vermelha e alguma fruta preta. Notas ligeiras de fumo a algumas plantas do monte, muito desafiante. Servido à temperatura correcta, enche a boca e apresenta toda a sua complexidade. Belíssima estrutura, taninos elegantes, bem presentes e uma acidez autoritária a envolver todo o conjunto. Ótima fruta vermelha, leves notas de madeira muito bem ligada e um grande final de boca. Um vinho que já se bebe muito bem, mas que vai certamente evoluir imenso na garrafa, como os seus irmãos mais velhos têm feito.


Com a sobremesa ainda se provou um Porto Vintage de 2000 da Quinta de Roriz, um delicioso final em que o Douro esteve sempre presente.
Aprecia-se a ouvir a música “Children of Sanchez” de Chuck Mangione, cheia de elegância mas também de força…