A Lídia e o Fernando, ele de Gaia, ela transmontana de Moncorvo, abriram em 2018 uma mercearia tradicional a servir também petiscos variados, na zona de Santo Ovídeo, em Gaia.
Seguiu-se o restaurante que abriu, naturalmente, em Julho de 2020, ocupando o primeiro piso.
Sala ampla, rústica, bem decorada, a transmitir muito conforto. Pelas prateleiras muitos vinhos, que ali são bem tratados e trabalhados. Mais recatada, uma outra sala, simpática, para refeições mais tranquilas ou de negócios. Depois é a enorme esplanada, com alguma cobertura, espaçosa e simples, mas onde se está muito bem. Num canto da sala está o enorme grelhador a lenha, sempre aceso, com brasa viva, por onde passam muitas peças, entre peixe e carne, que o Fernando vai trabalhar com bom gosto, no ponto. Mesas postas com simplicidade mas airosas, com tudo o que é necessário. O serviço é de extrema simpatia, quer da parte dos profissionais, quer da parte do casal, pois ambos vão passando pela mesas a saber da nossa satisfação. Ele mais calmo, de sorriso aberto, ela com o gás todo, irrequieta, alegre, de olhos vivos e sempre com uma palavra marota que nos dispõe bem. Estamos em casa.
Dois tipos de pão, azeitonas bem temperadas e alcaparras transmontanas, irresistíveis. As cadelinhas – cebola com vinho, vinagre e sal – suculentas, deliciosas. Tábuas de queijos e enchidos, na época os vários tipos de tomate: chucha, cereja e coração de boi de Trás-os-Montes, da horta da mãe da Lídia, só com sal e azeite. E uns soberbos figos com presunto.
Também aparece o pão regional torrado em brasa de lenha, com azeite, sal e tomilho que não se pára de comer. Quando há, as papas de sarrabulho recomendam-se. Aparece algum peixe fresco, como um excelente ensopado de corvina. E os bacalhaus, pois claro: bacalhau em crosta de alheira e bacalhau com broa, bem azeitados.
O polvo é uma das referências da casa, grelhado na brasa e acompanhado por meia cebola também grelhada, batatas a murro, pimentos assados, alho e grelos salteados. Tudo bem regado com azeite transmontano.
Pela grelha de lenha também passam carnes frescas diversas: posta, nacos de boi, costeleta de vitela, costeletão, T-bone e tomawak, qual deles o melhor.
A partir de Outubro começam a aparecer as tripas e os cozidos, entre outras iguarias. Não faltam os butelos e outros enchidos transmontanos de excelência. Também há uma ótima vitela assada no forno.
Os cuscuz com grelos, entremeada salgada e butelo pequeno, malandrinhos, fazem companhia a um excelente azedo tostado na brasa, difícil de descrever. Estamos quase no céu…
E um desconcertante mas muito interessante pudim de ovos com grelos – mas é mesmo com grelos! Podemos viajar por uma carta de vinhos muito completa e com algumas boas surpresas.
Também a surpresa do café de saco, divertidamente servido numa malguinha de louça branca. E um bagacinho para limpar…
Saímos dali satisfeitos, aliás, muito satisfeitos e com um sorriso na boca.
Com a promessa de voltar.