É oriundo de uvas duma vinha plantada em encostas de xisto do Douro Superior, no concelho de Foz Côa, na Quinta do Monte Xisto. São terrenos muito pobres, em que o xisto é omnipresente, com uma belíssima exposição solar e com alguma altitude. A paisagem é arrebatadora, com o rio Douro lá em baixo, a comandar as operações.
Esta Quinta é propriedade da família Nicolau de Almeida, composta pelo pai João e os filhos João, Mateus e Mafalda. Todos ajudam, todos discutem as vinhas, as vindimas, as uvas e, claro, o vinho. O Mateus, que vive na parte de cima da quinta, é o garante da produção em regime misto biológico e biodinâmico, algo que hoje, até o próprio pai defende e admira.

Esta colheita de 2017 resulta da junção de uvas das castas Touriga Franca (50%), Touriga Nacional (45%) e Sousão(5%). É um vinho tipicamente duriense, cheio de corpo, de uma cor granada, escuro e opaco. No nariz deixa-nos notas de algum floral mas também plantas silvestres, esteva e giestas, a par de notas de fumo e de madeira. Na boca revela-se em toda a sua pujança, com muita frescura e bastante fruta, ainda jovem, persistente e com muito boa acidez, equilibrada com os taninos intensos mas já bem casados.
O vinho continua a abrir no copo, ganhando nuances que nos dão cada vez mais prazer a beber. Foi decantado uma hora antes de o provar, para de dar liberdade e deixar respirar. É um vinho extraordinário, que dá imenso prazer a beber e que vai muito bem com vários tipos de comida. Apreciou-se com um rosbife temperado com sal e alho, selado em azeite muito quente, com molho á base de aguardente velha e vinho do Porto Tawny.
Ainda chegou para acompanhar um pouco de queijo Terrincho, quase de olhos fechados. Foi um casamento perfeito! Em fundo, ouvia-se a voz poderosa e a música elegante de Van Morrison a entoar “Days Like This”…
Preço recomendado: 70€