R. da Madeira 194, 4000-330 Porto
Telefone: 22 205 4847
Mail: ruiagsilva.1988@gmail.com
Fecha ao domingo
É um espaço tripeiro com grande tradição, chegou a ser um tasco há umas dezenas de anos. Mas desde que o Francisco Norte tomou conta desta casa de bem comer, foi transformado num pequeno restaurante tradicional da cidade invicta. Desde então quem toma conta da cozinha é a D. Rosa, umas mãos com magia, bem-disposta e brincalhona, mesmo quando está a dar no duro, que é quase todos os dias. É uma casa bem conhecida e com clientela muito dedicada – gente do vinho, médicos, advogados e juízes, gente das artes, políticos e muitos outros profissionais – a que se juntaram nestes últimos anos imensos estrangeiros, que invadiram o centro do Porto até á chegada da pandemia. Todos em busca da autenticidade da cozinha deste Rápido, com produtos de excelência trazidos pelo Francisco Norte de vários locais, onde faz questão de se deslocar semanalmente em visita a fornecedores de longa data. Apenas como exemplo, a carne arouquesa que vai buscar a Arouca, os enchidos e o fumeiro que na sua época vai buscar a Montalegre, Boticas e Vinhais, que depois dão origem a pratos deliciosos. Mesas muito bem postas, com atoalhados brancos e tudo o resto para que possamos apreciar uma óptima refeição.
O serviço é bastante personalizado, simpático e profissional, muito solícito. Ali parece que estamos em casa. Para a mesa vem logo pão e broa deliciosos, mais as azeitonas bem temperadas. E deve-se pedir sempre um prato de sopa, normalmente de legumes, ou então um caldo verde, coisas muito sérias. Na mesa podem aparecer bolinhos de bacalhau, rodelas de óptimo salpicão e fatias de presunto saborosos, umas deliciosas tripinhas enfarinhadas, fritas na ocasião e pedaços de alheira transmontana crocante, fantástica. Por vezes aparecem umas petingas ou uns jaquinzinhos para petiscar, que também podem ser o prato da refeição, com um arrozinho de tomate ou de feijão. Os filetes de pescada fresca e os filetes de polvo com arroz do mesmo são muito apreciados e são servidos todos os dias, assim como polvo estufado. E ali há a tradição do bacalhau, de boa cura, com mais de um ano, por vezes até com mais de 24 meses de cura. Sempre que possível o Francisco Norte arranja bacalhau de cura amarela, para os apreciadores, que é servido a rigor, cozido, com batatas, cenouras, ovo e penca, alho, azeite e vinagre de grande qualidade, uma festa. O bacalhau também pode ser frito com cebolada e batata frita ás rodelas, assado no forno ou num excelente bacalhau á Gomes de Sá. Á segunda-feira há sempre bacalhau á espanhola, feito no tacho de ferro, em que vem para a mesa e que normalmente esgota. Porque será?
Há sempre vitela arouquesa assada no forno, com batatinha assada e arroz branco, que é muito bom, soltinho e apaladado, e por vezes o cabrito assado no forno, muito bem temperado e confeccionado. Ainda uns secretos ou umas plumas de porco e quando há rojões á moda do Minho é uma correria, pois também costumam esgotar. O galo de capoeira é muito bem trabalhado, seja assado no forno, estufado com batatas e ervilhas ou num soberbo arroz de cabidela, sempre igual, sempre no ponto. Na época a D. Rosa faz um capão á moda de Freamunde que é um caso sério. Mas um simples bife do vazio ou um costeletão de vitela são ali extraordinários, não só pela qualidade da carne, tenra e saborosa, como pela confecção impecável. No fim molha-se o pão sem parar.
A partir do Outono e até á Primavera, sempre ás quartas-feiras, servem um dos melhores cozidos á portuguesa da cidade, com muito fumeiro e enchidos excelentes, mais a carne de vaca e carnes de porco frescas salgadas. Batata, nabo, cenoura e pencas completam o festim, mais o tal arrozinho á parte. Ás terças, quintas e sábados, são as tripas á moda do Porto que marcam presença e que são irresistíveis, muito completas, com todos os matadores, feijão tenro e saboroso, mão de vaca gelatinosa, as tripas de folhos, lisas e de alvéolos, muito cremosas. O grande prato da cidade do Porto, que existe desde 1415 e que no Rápido é homenageado todas as semanas. Há clientes que pedem para guardar as tripas para as comerem dali a dois dias, pois há quem diga que ficam ainda melhores. Acrescenta-se picante e cominhos a gosto, um pouco do tal arroz branco e subimos ao céu! Certamente das melhores tripas que se fazem na cidade. Independentemente do que formos escolher para sobremesa, mal acabamos o prato principal vêm para a mesa uns docinhos de coco, os famosos matateus, para ir picando. A maçã assada é uma das tradições da cidade e está sempre presente no Rápido, com pauzinho de canela. Leite creme, bolo de bolacha e outras iguarias fecham uma refeição sempre de grande nível.
Uma boa garrafeira proporciona boas escolhas, com a tradição de vários vinhos verdes directamente do produtor, entre brancos e tintos. Para os pratos mais pesados um bom verde tinto vai sempre muito bem. Com o café, lá vem a garrafa do bagaço para um “cheirinho”.
Ali ao lado, apanha-se o comboio, na velha estação de S. Bento, sem destino…