Mestre Daniel foi um alentejano que se dedicou de alma e coração á produção de vinho de talha, respeitando a tradição de fazer estes vinhos em talhas de barro que, felizmente, se mantém até hoje. Durante cerca de 30 anos Mestre Daniel produziu estes vinhos na sua adega centenária, e deixou para os vindouros todo um conhecimento desta tradição. Felizmente! Estes vinhos são uma homenagem merecida a este homem do vinho.
Mestre Daniel Talha XV 2019 Tinta Grossa
Uvas duma pequena parcela da casta Tinta Grossa, de vinhas a cerca de 300 metros de altitude e com 40 anos de idade. Os habitantes locais simpaticamente apelidam esta casta de Tinta da Nossa. Apesar de ser uma região em que as castas brancas sempre foram mais tradicionais, os vinhos desta casta tinta são ainda muito populares.
O vinho foi fermentado numa única talha de cerca de 1000 litros e esteve em contacto com as massas vínicas durante 5 meses, como manda a tradição dos vinhos de talha. Foi filtrado apenas pela passagem pelas massas da talha mas não foi estabilizado. É por isso um vinho de talha feito tradicionalmente. Foram produzidas 980 garrafas.
É um vinho intenso, vermelho escuro, carregado. Aromas secos a terra, plantas do monte, cogumelos. Na boca é muito persistente, apresentando notas de frutos pretos maduros, intenso, com toque de compota, levemente fumado. Bela acidez e taninos bem presentes, ainda a evoluir, num conjunto equilibrado e bastante elegante, com fim de boca longo e saboroso. Para acompanhar um ensopado de borrego á pastora. Enquanto se ouve a música deliciosa de Neil Young – “Harvest Moon”.

PVP – 26,00€
Mestre Daniel XXVI Branco 2019
Um vinho branco de talha preparado com as castas regionais Antão Vaz, Perrum e Roupeiro. Os mostos estiveram em contacto com as borras durante 5 meses e o vinho foi apenas filtrado pelas massas vínicas da talha, não tendo sido estabilizado. Foram utilizados os vinhos de duas talhas de barro, uma com 800 litros e a outra com 900 litros, o que resultou em 2200 garrafas de vinho.
Apresenta cor amarela citrina muito agradável á vista. No nariz tem notas de frutos tropicais, alguma fruta cozida (maçã), e de calda (ananás), mas também algum citrino. Na boca é seco, com óptima mineralidade, alguma frescura e levemente frutado. Uma boa acidez equilibra o conjunto, num vinho diferente mas muito agradável, que pode levar muitos apreciadores á descoberta dos vinhos de talha que se consumiam tradicionalmente no Alentejo. E que hoje se podem (e devem) voltar a consumir. Este branco vai bem com uma açorda de bacalhau, farta de coentros. com ovo escalfado.
Ouve-se a música provocadora de Tom Waits – “The Piano Has Been Drinking”.

PVP – 22,00€
Mestre Daniel XXVI Tinto 2019
O terceiro vinho que apresento é novamente um tinto, feito com Trincadeira, Aragonez e Tinta Grossa. A fermentação deu-se em duas talhas de barro, uma com 1100 litros, a outra com 900 litros. O processo é o mesmo, o vinho esteve cinco meses em contacto com as massas vínicas e ao sair das talhas foi filtrado naturalmente por essas mesmas borras, e posteriormente não foi estabilizado, foi engarrafado mesmo assim. Pode apresentar depósito e por isso estes vinhos podem ser decantados, se não queremos esse inconveniente. A mim não me faz diferença nenhuma, gosto de os beber ao natural.
Foram produzidas 2000 garrafas.
O vinho apresenta uma bonita cor rubi carregada e no nariz são notórios os aromas de frutos vermelhos bem maduros, alguma rusticidade, com notas de flores silvestres e notas leves de compota. Na boca tem boa estrutura, é seco, com alguma frescura e excelente acidez. Taninos bem presentes, a dar-lhe alguma adstringência, mas sem ferir, o que lhe confere uma agradável rusticidade deste tipo de vinhos, com um final bastante longo.
Acompanha bem uma carne de vitela da costela mendinha assada no forno, com batata assada e grelos salteados. Enquanto se ouve a música sincopada de Lary Carlton -“Room 335”.

PVP – 19,90€