Quando os profissionais da equipa técnica da Madeira Wine Company, cuja marca mais conhecida é a Blandy, liderados pelo Francisco Albuquerque, pegam nos vários tipos de uvas de que dispõem, fazem invariavelmente vinhos extraordinários. Alguns mesmo absolutamente excepcionais.
Provar estes vinhos é quase uma aventura, a explorar o desconhecido, a desbravar caminho por entre aromas e sabores que nos surpreendem constantemente. Os vinhos vão evoluindo no copo, desafiando o nosso palato, até esquecemos o tempo a passar. Agora foram cinco vinhos, poderiam ter sido muitos outros, o prazer seria sempre imenso.
Cossart Gordon Verdelho 2008
Uma marca cheia de história, que mantém um perfil muito próprio. Este Verdelho é muito elegante, notas de alguns frutos secos muito suaves, mel, levemente cítrico. Na boca é seco e intenso, com acidez fogosa a equilibrar a doçura, óptima frescura e um final bastante longo.
Um clássico da empresa.
Para apreciar enquanto se ouve Tom Jobim e Elis Regina a cantar “Águas de Março”.
Preço:70,00€
Miles Tinta Negra 1998
Miles é uma das marcas mais jovens da Madeira Wine Company.
Este vinho é feito de curtimenta, extremamente rico, notas de resina, especiarias, açafrão. Muito doce mas com grande acidez, é volumoso, envolvente, um vinho concentrado, intenso, com final persistente.
Um vinho Madeira de qualidade a partir desta casta, que só foi reconhecida em 2015 para fazer vinhos Madeira. Aqui está a prova, uma das provas, que pode fazer grandes vinhos.
Bebe-se ao som da guitarra de Pat Matheney, “To The End of The World”
Preço:165,00€
Blandy’s Verdelho 1976
É dos vinhos mais etéreos, com um bouquet muito característico. Notas de aguardente velha, macerado, extremamente exuberante, que nos invade a boca, e toma conta do palato. Este vinho representa muito bem o que é um frasqueira Blandy’s. Quase uma explosão na boca, intenso, poderoso, mas ao mesmo tempo equilibrado, com tudo no sítio e um enorme final de boca.
Aprecia-se enquanto se ouve a beleza da música de Eric Satie, “Les Trois Gymnopedies”.
Preço: 330,00€
Cossart Gordon Terrantez 1975
A primeira vez que este vinho foi engarrafado, nos anos 90, ganhou vários prémios. Agora, 20 anos depois, está mais requintado, cheio de subtilezas, uma bela componente aromática, com uma grande carga de especiarias, notas de noz e avelã, e um final de boca surpreendente. É raro encontrar um vinho que tem os aromas dos madeiras velhos e depois este equilíbrio incrível. Um vinho com 45 anos de casco extraordinário, é notável.
Para beber ao som dos Beatles, “Lucy In The Sky With Diamonds”
Preço: 399,00€
Blandy’s Bual 1920
Um vinho com 100 anos, cheio de história, que já faz parte da história da empresa. Este engarrafamento presta também homenagem a Ernest Blandy, que á época geria a empresa. Eu tive o privilégio de acompanhar a sua evolução em casco ao longo dos últimos 30 anos. Rendo-me por isso ao trabalho incrível da equipa do Francisco Albuquerque, de que fazem parte fundamental os tanoeiros da empresa, cuidando diariamente daqueles cascos tão antigos, para que nada se perca e o vinho tenha podido evoluir, comandado pela natureza.
Não foi fácil preservar alguma quantidade deste vinho, tal a sua qualidade.
Extremamente concentrado mas ao mesmo tempo elegante, é pungente, quase brutal. Invade-nos o nariz e vai por ali fora, oferecendo-nos constantemente novas fragrâncias, num crescendo épico, deslumbrante. Depois, na boca, quase nos deixa sem palavras, tal a qualidade, a frescura, o poder da acidez, as notas de especiarias, de fumo, de tabaco, o requinte dos frutos secos. E tudo envolvido por uma extraordinária elegância.
Um vinho soberbo, para apreciar sozinho, de olhos fechados, lembrando a nona sinfonia de Beethoven e a sua “Ode à Alegria”.
Ja não existe nenhum vinho deste em casco.
Em demi johns há cerca de 840 litros, quem sabe para a próxima geração
Preço: 2.100,00€
E como disse o Raul Ribadave, deixou de haver Madeiras baratos! Ainda bem, estes vinhos precisam de ser valorizados, não só pela sua imensa qualidade, mas porque são cada vez mais raros.
Estes vinhos são verdadeiras obras de arte, o Bual 1920 é uma obra prima!!
Um enorme agradecimento á Madeira Wine Company por continuar a fazer vinhos assim.