Dois enólogos, dois amigos, uma mesma paixão por aquilo que fazem, que é vinho, muito bom vinho. Aqui a fazerem a apresentação dum novo vinho a quatro mãos.
Nas belíssimas instalações do produtor, a Madeira Wine Company, coube a Chris Blandy fazer a introdução e dar as boas vindas, para depois passar a palavra.
Mas já lá vamos.
O primeiro Atlantis, um rosé, foi lançado em 1997, da autoria de Francisco Albuquerque, que agora apresentou o novo rosé, da colheita de 2018. Com apenas 12,5% de teor alcoólico e feito da vinificação de uvas da casta Tinta Negra, fornecidas por três produtores. As uvas são refrigeradas quase até á congelação antes de serem trabalhadas. Apresentou-se num rosa pálido muito apelativo. É fácil de apreciar, com nariz suave, bastante floral, apetecível. Na boca tem fruta muito elegante, apresenta frescura e acidez bastante equilibrada. E puxa comidas simples, do mar, peixes e mariscos, pastas e arrozes caldosos. Foram engarrafadas 30.000 garrafas que se vendem a cerca de 7,50€ em prateleira.
Francisco Albuquerque apresentou depois o também novo Atlantis Branco Verdelho 2018. Com apenas 12% de teor alcoólico, é produzido 70% com uvas da maior vinha de verdelho da região, em Porto Moniz, e 30% de uvas de pequenas vinhas, por vezes mesmo muito pequenas, da zona da Raposeira, de viticultores com quem trabalha há já muitos anos. Este branco apresentou-se de um verde limão suave e cristalino. Mais uma vez o nariz cheio de elegância, com notas sedosas de maçã verde e algum citrino. Na boca domina a frescura, uma excelente acidez e uma enorme salinidade. Apesar da acidez quase brutal, consegue ter um grande equilíbrio. Foram engarrafadas 10.000 garrafas que são vendidas a 15,00€ em prateleira.
Seguidamente veio o grande momento do dia, a apresentação dum branco muito especial, preparado em conjunto pelos dois enólogos, Francisco Albuquerque e Rui Reguinga. Estes dois amigos chegaram a fazer, durante dois anos, um vinho chamado Primeira Paixão, duma vinha que entretanto desapareceu.
E também estiveram juntos a fazer a apresentação deste Atlantis Verdelho Reserva. É um Reserva de 2017, um ano excepcional na Madeira, bastante fresco e sem problemas de doenças. Por isso um ano perfeito para fazer o vinho que pretendiam. Uvas provenientes duma parcela da zona da Raposeira, cujos mostos fermentaram a dois tempos: metade em cuba de inox durante 14 dias, a outra metade em barrica de carvalho francês de 500 litros durante 10 dias. Depois estagiou durante 9 meses na barrica, sempre com bâtonage e na cuba de inox sobre as borras finas. Engarrafado em Julho de 2018, manteve-se nas garrafas durante mais 9 meses antes de ser colocado no mercado.
O objectivo era fazer um vinho branco diferente, complexo e apelativo. O resultado é arrebatador!
Dum amarelo citrino muito cristalino, apresenta um nariz cheio de complexidade, muitíssimo elegante, a madeira nova bem presente a enriquecer o vinho, com alguma fruta exótica, soberbo. Na boca mais uma vez grande acidez, intensidade, volume, a proporcionar ligações gastronómicas desafiantes. Um vinho de grande nível, extraordinário. Foram engarrafadas 1333 garrafas que são vendidas em prateleira a 29€.
Afinal a Atlantida existe mesmo, ali em terras madeirenses. Um vinho para apreciar tranquilamente a ouvir “Atlantis”, de Donovan.