Avenida Nossa Senhora do Caminho, 58-62, 5200-207 Mogadouro
Tel.-279 342 363
Fecha á segunda-feira
O chefe Eliseu, é um mogadourense que emigrou ainda novo para França, onde se dedicou á cozinha, serviu reis, ministros, pessoas conhecidas da música e do cinema, serviu o então presidente Gyscard d´Estaing e até o antigo imperador do Japão, Hiroito. Mas nunca esqueceu a sua terra, Mogadouro, e quando regressou, montou uma residencial, com café e restaurante, a que deu o nome de “A Lareira”. E o nome deriva da enorme lareira, do lado esquerdo para quem era na sala espaçosa do restaurante, sempre acesa, seja inverno ou verão. E que tem duas funções: a primeira, primordial, é que é ali que o chefe grelha as postas de bacalhau ou de vitela e neste caso por ali passam as enormes costeletas de vitela e as descomunais postas da mesma carne. Mas também aquece a água que é engenhosamente distribuída para os quartos da residencial, para os aquecer nos gélidos invernos transmontanos.
O chefe Eliseu, impecavelmente vestido de jaleca branca e da cartola de cozinheiro, imaculada, ali vai colocando os nacos de bacalhau ou de carne e, dum tronco de cortiça ao lado, retira uma mão de sal grosso que atira certeiramente sobre as peças de carne, atiçando ao mesmo tempo as brasas a crepitar. Passado o tempo certo, vira as peças, mais uns minutos e vá de retirá-las e levá-las ate á cozinha para lhes juntar o molho e avançarem para a mesa. Ao lado vem o acompanhamento das carnes que o tornaram famoso na região: o rosti, que é uma batata cortada aos palitos muito fininhos, que é colocada numa forma baixinha e vai ao forno até ficar tostada por fora e fofinha por dentro, num contraste muito saboroso. Uma receita que o chefe trouxe de França, e que aqui no Lareira se tornou famosa. A sala é muito ampla, com aquele aroma da lenha a arder, a cozinha ao fundo, aberta, com toda a azáfama permanente, pois a clientela é abundante e vem de muitas regiões e mesmo do estrangeiro, tal a fama que o chefe Eliseu angariou.
Outra das especialidades deste transmontano são os cogumelos, de que é grande conhecedor e que vai apanhar ali mesmo na serra de Mogadouro, que os há em abundância durante o inverno. São boletos, frades, repolgas e, quando aparecem, as deliciosas pantorras. Vão á grelha, são estufados e entram nuns folhados deliciosos.
Numa mesa central, há sempre exposição de mel da região. Sentados á mesa, é obrigatório pedir uma sopa, dos legumes da época, saborosa e retemperante. Mas pode vir para a mesa uma alheira ou chouriça também preparados na brasa. Pão regional e azeitonas, antes duma belíssima posta de vitela, ali chamada de “mogadourense”. Carne de excelência, grelhada ao nosso gosto, a que se junta o tal molho e, á parte, o rosti, crocante, uma maravilha. Bebe-se vinho da região, simples mas que sabe muito bem. E vamos embora com aquela sensação de termos apreciado uma grande refeição, na sua simplicidade. Quando nos despedimos, já o chefe Eliseu está a desossar um vão de vitela, pois logo o movimento continua…
Ainda vale a pena visitar o castelo de Mogadouro e, se for dia de feira, dar uma volta e comprar coisas boas da região.