A Quinta Vale D. Maria faz parte do universo da Quina da Aveleda, juntando-se, no Douro, á Quinta do Vale Sabor (Douro Superior), e Cristiano Vanzeller é o responsável pela produção dos vinhos do Douro deste grupo empresarial. Foi neste espírito que foi recentemente apresentada uma novidade no mercado: um vinho do Porto Tawny com 50 anos de idade, dum ano específico, neste caso 1969, o Vale D. Maria Very Old Tawny Colheita Porto 1969. Numa prova em que o crítico Mark Squires, da revista americana Wine Advocate, provou vinhos do Porto Tawny do ano de 1969, este Quinta Vale D. Maria teve a pontuação mais alta, 95 pontos.
Mas para tal, para além da disponibilização duma quantidade de vinho que até agora estava a estagiar nas barricas, foi concebida uma garrafa e uma embalagem á altura da qualidade deste vinho fantástico. A apresentação foi feita no hotel do Palácio de Verride, em Lisboa, um espaço requintado, que foi objecto duma reconstrução notável, plena de bom gosto. E tem uma das mais bonitas vistas sobre a cidade de Lisboa, do terraço no topo do edifício. Foi ali que Cristiano Vanzeller e Martim Guedes deram as boas vindas e fizeram a apresentação deste vinho do Porto tão especial. Foi-se provando o Quinta Vale D. Maria Tinto 2017 enquanto serviam pequenos petiscos. Já na mesa e num almoço em que o chefe do hotel apresentou uma refeição com vários momentos de grande qualidade, apreciaram-se mais dois tintos de 2017 da Quinta Vale D. Maria: o Vinha do Rio e o Vinha da Francisca. Na sobremesa foi servido um outro vinho de 2017, o Vintage da Quinta Vale D. Maria, um ano clássico de Vintage e que está soberbo, a augurar uma longa vida em garrafa. Veio então o momento tão esperado, era hora de provar o Tawny Velho de 1969.
O vinho é extraordinário, com aquela cor âmbar característica deste tipo de vinhos. No nariz liberta aromas complexos de frutos secos, sobretudo nozes, bem presentes, algum fumado, caramelo e, no fim, notas de mel muito agradáveis. Na boca revelou uma acidez exuberante, que dá equilíbrio a um conjunto de notas adocicadas, desde figos a ameixas secas, algum vinagrinho tão agradável, rebuçado, especiarias, num conjunto cheio de equilíbrio que ainda consegue manter alguma frescura. E que vai evoluindo no copo, sempre a surpreender, a um tempo poderoso e autoritário, mas atingindo uma elegância e uma suavidade encantadoras, quase desconcertantes. Um grande vinho do Porto! A quantidade disponível é limitada e vai sendo engarrafado conforme as encomendas que vão chegando, para quem posse desembolsar cerca de 500,00€.
Mas houve ainda outra boa surpresa, apresentada pelo Martim Guedes: a nova imagem e as novas ofertas dum produto que é uma referência nas aguardentes vínicas nacionais: a Adega Velha. Num trabalho de pesquisa e investimento bem direccionado, a Aveleda tem agora á disposição dos apreciadores 4 tipos de Adega Velha, a saber: com estágio de 6 anos, com estágio de 12 anos e com estágio de 30 anos. A que se junta uma outra com duplo estágio, de 13 anos. Os primeiros 12 anos são de estágio nos tradicionais cascos de madeira da Aveleda, a que se junta mais um ano de estágio em cascos de vinho do Porto da Quinta Vale D. Maria. Tudo isto numa garrafa e numa imagem mais moderna e muito apelativa, que vai certamente ajudar o consumidor a olhar para estes produtos de excelência com muita vontade de os provar e consumir…com moderação. Mas vale a pena, são do melhor que se produz no país.
Voltando ao vinho do Porto de 1969, aconselha-se ser bebido na companhia de frutos secos, alguma doçaria conventual e mesmo o pudim do Abade de Priscos, assim como alguns queijos azuis. Deve ser servido levemente refrescado, em copo de vinho branco. Eu prefiro apreciá-lo sozinho, sem mais nada, recostado no sofá, a ouvir profundamente, de olhos fechados, a Traviatta de Verdi…
Obrigado Cristiano Vanzeller! Obrigado Aveleda!