Casa Ventura é uma casa de comidas com enorme tradição, ali muito perto do Alto da Lixa, embora esteja no concelho de Amarante. Como tasca que foi durante muitos anos, mais precisamente casa de pasto, já ultrapassou os 100 anos de idade. Nas mãos desta família já lá vão mais de 40. É obra!
Embora o proprietário ainda esteja de boa saúde e a trabalhar com bom gosto, é o seu filho e a sua nora que são o motor desta Casa Ventura, um templo onde se pratica a culinária pura e dura da região. O que é reconhecido pelos muitos e muitos clientes que ali vão todos os dias, muitos dos quais vêm de longe, fazendo muitos quilómetros para se sentarem áquelas mesas simples e deixarem-se levar pelo bom gosto de quem os serve. Se ali passarmos á porta e não soubermos onde é, só acharemos estranho o facto de, á hora das refeições, estarem estacionados tantos carros, muitos deles mesmo de topo de gama.
De resto, nada indica que ali há um restaurante.
E que restaurante!!
Á entrada há uma primeira sala com enorme balcão de serventia, com a gente da casa sempre dum lado para o outro. Lá mais atrás uma outra sala, mais recatada, e do outro lado a terceira sala, todas elas normalmente completamente cheias. Mas o movimento não é só á hora das refeições, também pela tarde fora ali se petisca sem parar e se bebem óptimos vinhos, sobretudo os verdes tintos de grande qualidade. E até têm uma cerveja artesanal própria, sempre a estourar.
As mesa são muito simples, mas tudo o resto é do melhor que podemos encontrar. A começar pelas pessoas, simples, simpáticas, até divertidas, mas muito profissionais, e completamente apaixonadas por aquilo que fazem, que é servir os clientes, muitos dos quais se transformaram em amigos.
Incluindo muita gente de outros restaurantes, que ali encontram um porto seguro, para petiscar, beber uns copos de vinho e conversar descontraídamente.
Mas vamos á mesa.
Pão de Padronelo dos quatro cantos, sempre estaladiço, regueifa tradicional, broa de milho, azeitonas, pimentos curtidos, na sua época cebolinho com vinagre de vinho e sal, no resto do ano a cebola crua carnuda com o mesmo tempêro. Bolinhos de bacalhau deliciosos, moelinhas estufadas, salpicão do lombo fantástico, moira cozida, postinhas de bacalhau frito e sopa de legumes fartos.
O bacalhau é muito bem trabalhado, muito procurado o bacalhau frito de cebolada com batata frita ás rodelas.
Há algum peixe fresco para grelhar ou levar ao forno.
Mas como “peixe não puxa carroça”, ali as carnes são rainhas incontestadas.
Pelas brasas passam a posta de vitela e o costeletão descomunais.
Pelos tachos passam o coelho, o borrego e as tripas á moda do Porto muito completas, arrozinho branco ou de forno á parte, e um enorme osso buco estufado.
E há sempre um arroz de moira com grelos que é um regalo.
E há os galos do campo, os pica-no-chão, daqueles a sério, enormes, alimentados naturalmente, de que têm produção própria e vários lavradores onde os vão também comprar, amigos de longa data, o que garante a qualidade constante. Há quem vá ali de muito longe só para se deliciar com um desses galos estufados á moda do campo, com batatas e ervilhas ou com um arroz de galo de cabidela, descomunal, que vem no próprio tacho de ferro para a mesa. Um regalo!
Pelo forno ainda passam a vitela e o cabrito, mais as batatinhas assadas e o tal arroz de forno.
Remata-se com as sobremesas feitas na casa, como as rabanadas, famosas, leite creme, folhado de ovos e outros, mais os regionais pão-de-ló e beijinhos de amor e um belíssimo queijo da Serra.
Os verdes tintos são servidos em malguinha ou caneca de louça branca, e há vários dos mais conhecidos na região. Como o Pascoaes, da aldeia de Gatão, que está soberbo.
E depois como é para regressar a casa?!
É o diabo…