É na pacatez da aldeia de Gimonde, ali a meia dúzia de quilómetros de Bragança, que vamos encontrar esta verdadeira pérola da restauração transmontana “O Abel“. Estamos em pleno Parque Natural do Montezinho, na confluência de três pequenos rios, num lugar onde o tempo parece ter parado e onde as gentes são acolhedoras e simpáticas por natureza. E estamos também em terras do porco bísaro e dos seus muitos tipos de enchidos, mais o presunto de excelência e da vitela mirandesa. Depois há as fantásticas batatas da região, os legumes frescos da época, as azeitonas e o azeite soberbo e, claro, o pão de Gimonde!
Mas sentemo-nos á mesa deste restaurante Abel, já com um bom par de dezenas de anos a servir boa comida regional. Aqui há uns anos fizeram-se obras para o tornar mais espaçoso e confortável, muito recentemente foi a construção do hotel, no mesmo edifício, simples, moderno e muito confortável. Para o ano promete-se a piscina para os calores do longo verão transmontano.
No restaurante recebe-nos uma pequena loja onde estão expostos vários produtos, entre artesanato, as famosas facas de Palaçoulo, enchidos, presunto e queijos, que podemos ali comprar.
Depois é a sala principal, ampla mas acolhedora, com grande balcão do lado direito e a cozinha ao fundo. Fora da cozinha está o enorme grelhados de carvão, por onde passam vários produtos muito bem trabalhados.
Mesas bem postas, com toalhas de pano, simples e asseadas. E a simpatia de quem nos atende e vai acompanhando, liderados pelos três irmãos que andam numa roda viva de um lado para o outros. LKá dentro cortam-se as carnes e lá fora a grelha sempre a crepitar por onde tudo há-de passar. Aparece logo pão tostadinho, o famoso pão de Gimonde, e umas azeitonas a que não se resiste. A sopa de legumes é quase obrigatória, enquanto decidimos o que vamos comer. Tudo ali é trabalhado na brasa.
Mas vem logo uma alheira e uma chouriça grelhadas que nos enchem o ego! De peixe apenas o bacalhau, posta alta, demolha certeira, grelhada no ponto, na companhia de batata a murro, muita cebola e regado abundantemente de azeite da casa. Excelente!
Depois são as carnes, a começar pelo picantone, que é um frango pequeno na brasa com toque precioso de picante, com bom humor. O cordeiro é muito popular no nordeste transmontano, mas sobretudo na brasa, como aqui no Abel. Delicioso! Depois vêm os mais populares, todos de carne de vitela: o rodeão, que é o entrecosto da vitela, a possante costeleta de vitela e, claro, a célebre posta de vitela do Abel, enorme naco da dita, grelhado no ponto, e regado com aquele molho tão tradicional, com azeite, alho e toque de vinagre, a que se junta, a gosto, um pouco do óptimo molho picante da casa.
Carne excelente, tenra, muito saborosa, qualidade acima da média. A repetir sempre que for possível.
Todas estas carnes podem ser acompanhadas por batata a murro ou a também célebre batata frita do Abel, fininha e crocante, com a excelente batata transmontana.
Para sobremesa, para além da fruta da época, há excelente queijo da Serra que pode ser acompanhado por várias compotas feitas na casa, bolo de bolacha, pudim de ovos e tarde de castanha.
Este Abel vale sempre uma visita e agora com a vantagem de até ali podermos pernoitar…