A Covela é um espaço fantástico na região de Baião, nesta sub-região dos vinhos verdes, com o rio Douro ali a poucas centenas de metros e uma grande concentração granítica. Dois investidores, um inglês e outro brasileiro resolveram, em boa hora, recuperar esta quinta que em tempos pertenceu ao cineasta Manoel de Oliveira, mas que remonta ao século XVI. Dum total de terreno de 49 hectares, cerca de 18 estão plantados com vinha, povoada com algumas das castas tradicionais da região, mas não só. Os actuais proprietários reconduziram o enólogo Rui Cunha á frente deste projecto, ele que conhece as vinhas da Covela desde 1992. E assim garantiram não só a continuidade da qualidade dos vinhos mas também a sua constante e necessária modernização.
O espaço é de uma beleza extraordinária, com um declive acentuado que acaba num pequeno vale onde as várias vinhas se espraiam, com uma óptima exposição solar.~~
A propriedade é atravessada por um pequeno ribeiro, com caudal abundante e as vinhas partilham muito do terreno com variadas árvores de fruto, entre oliveiras, limoeiros, tangerineiras, laranjeiras e cerejeiras. Há também uma horta, que abastece a cozinha dos legumes de cada época, utilizados nas muitas refeições que ali são confeccionadas diariamente para pessoal da empresa e os muitos visitantes, entre importadores e distribuidores dos vinhos e cada vez mais turistas. As várias construções antigas foram muito bem recuperadas, tendo na casa principal sido instalada uma simpática loja de vinhos e merchandising, cada vez mais procurada. No edifício mais pequeno está a cozinha central, a sala de refeições e, sempre que o tempo permite, um enorme terraço em pedra onde também se prova vinho e se apreciam os petiscos da casa. Mais acima, uma ruína foi adaptada para poder receber, durante o verão, alguns pequenos eventos. Depois é toda a envolvência, o bosque que circunda a propriedade, o pequeno moinho alimentado pelo ribeiro, o miradouro na parte mais alta da quinta e sempre as vinhas, a tomar conta da paisagem. A adega também ali se mantém, num edifício ao lado da casa, sem grandes alterações e onde a equipa de enologia do Rui Cunha trabalha durante o ano, preservando toda a qualidade da matéria prima que aquela natureza vai dando.
E se se recomenda uma visita á Quinta da Covela, mais se recomenda provar os seus vinhos, apreciá-los e comprá-los para ter na nossa garrafeira.
É a frescura e a acidez possante no Edição Nacional Avesso 2017, a elegância e consistência do Edição Nacional Arinto 2015, é a frescura e secura do Escolha Branco 2014, é um dos grandes rosés secos portugueses, o Covela de 2017. Depois vem o requinte de dois grandes vinhos brancos, menos vulgares, mais raros, o Reserva Branco 2014, um vinho com mistura de várias castas, com notas de frutos tropicais suaves, toque sofisticado da madeira, complexo e entusiasmante. E o Branco Fantástico também de 2014, um vinho mesmo fantástico. Só se produziram cerca de 800 garrafas, é um branco de guarda, cheio de complexidade, tem notas citrícas mas também frutos secos, tem uma acidez invulgar, é soberbo!
Depois dois vinhos tintos que já são uma memória: o Covela Reserva Tinto 2007 e o Covela Tinto Colheita Seleccionada 2004…Que grandes vinhos!! Pena já não haver mais, pois deixaram de produzir vinhos tintos na quinta. Mais recentemente a Quinta da Covela começou a produzir uma aguardente bagaceira e um azeite de grande qualidade.
Na hora da partida levamos connosco a memória desta quinta e desta região por vezes esquecida, ou menos lembrada. Cada vez que abrirmos uma garrafa de vinho da Covela, certamente traremos á memória a paisagem, os aromas, as pessoas…