Quando falamos de vinho do Porto, vêm á memória as grandes marcas deste vinho licoroso duriense. Uma delas, obrigatória, é a Noval, hoje propriedade duma das maiores empresa de seguros francesas. E que produz excelentes vinhos do Porto, a par dos seus também óptimos vinhos de mesa. Qualquer das classes de vinhos do Porto que a Nova produz – Colheita, LBV e Vintage – estão sempre entre os melhores. Criaram um estilo muito próprio, distinto, cuja produção é liderada pelo enólogo António Agrelos, com uma vida de dedicação á Noval.
Recordo aquele fim-de-semana em que o seu administrador, Christian Kelly, convidou jornalistas, críticos e escanções de vários países, para comemorar os 20 anos da compra da Nova e nos proporcionar várias provas em que tivemos á nossa disposição algumas dezenas de vinhos do Porto incríveis da casa.
Ainda tenho na memória o paladar dos Noval Nacional Vintage 1955 e 1967 e, claro, o 1963!
E lá vem a pergunta, tantas vezes feita: mas afinal que diferença há entre os Vintage Noval e Noval Nacional?
Há meia dúzia de meses, em casa de um amigo apaixonado por vinho do Porto, provamos o Noval Vintage1967, um grande Vintage, dum ano fantástico. Seguiu-se o Noval Nacional do mesmo ano, e lá estavam as diferenças e o porquê da fama. Uma cor incrível, laivos verdes, aloirado, âmbar. Aromas exóticos, frutos secos, ainda muita frescura, elegância, um vinho poderoso. Acidez imponente, notas de especiarias, leve toque de amêndoas, muito difícil de descrever.
Vem isto a propósito da recente prova dos novíssimos vinhos do Porto Vintage do ano de 2016, declarado ano Vintage pelo IVDP.
Tenho provado muitos deles, de vários produtores, e a qualidade tem-se revelado extraordinária, fazendo deste 2016, na minha opinião, um dos grande anos Vintage das últimas décadas. Não admira por isso que já haja vinhos do Porto deste ano premiados e que alguns mais venham a sê-lo. Mas depois há os Vintage da Noval!! Que decidiu engarrafar o Noval Vintage 2016 e o Noval Vintage Nacional 2016. O que complica imenso as coisas…ou nem por isso.
Chamou-me recentemente o meu amigo que acima referi, para uma prova de vinhos do Porto, mais uma das muitas que faz durante o ano e em que tenho o privilégio de estar sempre presente. Mas estava reservada uma boa surpresa para a meia dúzia de convidados: antes duma refeição requintada, íamos provar dois vinhos do Porto Vintage, o Noval 2016 e o…Noval Nacional 2016!! Eu já tinha provado o Noval Vintage 2016, que está incrível, mas fiquei curioso, mesmo muito curioso, para sentir as diferenças com o Vintage Nacional 2016. É acima de tudo um vinho muito mais complexo e desafiante. A cor não difere quase nada, muito escuro, quase opaco, sanguíneo e muito limpo. No nariz apresenta-se com grande intensidade, mas mais profundo que o seu irmão. Depois é bastante mais complexo, tendo as mesma notas de plantas do monte, a esteva e a urze, notas secas terrosas, por vezes quase não parece um vintage novo. A par de laivos de chocolate e frutos pretos intensos, tem leve travo balsâmico, alguma sensação de fumo e deixa leve rasto apimentado na língua. Um final muito longo que já dá imenso prazer a beber. Como estará daqui a umas dezenas de anos?!
Este Vintage Nova Nacional de 2016 já foi premiado com 97 pontos de Robert Parker…
Cheers!!