Chama-se Flor de Sal e ocupa o espaço mais bonito de Mirandela, mesmo sobre o rio Tua. É restaurante mas também é bar, com uma belíssima esplanada que quase se confunde com o rio.
Fruto do entusiasmo e bom gosto dum transmontano com ideias modernas e arrojadas, que defende os produtos da sua terra intensamente, exigente na sua apresentação e forma de servir. Por isso este seu Flor de Sal se impôs como uma referência na região, apreciado por quem gosta de comer bem e usufruir um espaço confortável.
Logo á entrada deparamos com uma garrafeira toda envidraçada, a que se segue a sala de refeições, cuja frente envidraçada deixa também entrar aquela paisagem por ali dentro. Sala muito bem decorada, sóbria mas cheia de elegância, com um belo piano a fa-zer parte da decoração. Mesas muito bem postas, com todos os pertences, belos atoalhados e um serviço atento e atencioso, com muita simpatia. Em terras transmontanas o azeite é rei, e este Flor de Sal tem mesmo uma carta de azeites da região, que o proprietário não se cansa de divulgar e muito bem.
Aliás pelas paredes estão várias frases que cantam o azeite e as suas qualidades. Gosto especialmente da que diz: “Comer sem azeite é comer miudinho!”
A ementa utiliza muitos produtos regionais mas também nacionais, dando primazia ao receituário tradicional português. Para a mesa vêm logo azeitonas deliciosas, na sua época azeitonas britadas (que ali se chamam alcaparras), pão regional, manteiga e pasta de azeitonas.
Enquanto se encomenda vêm também umas fatias do tal pão torrado, regado com azeite e esfregado com alho, absolutamente irresistíveis.
Nas entradas pode apreciar-se uma truta escabechada em azeite, o tradicional presunto laminado sobre tosta de pão regional barrado com pasta de tomate, alho, azeite e ervas ou um sortido transmontano de queijo, presunto, enchidos e frutos secos. Também se pode optar pelas entradas quentes, a começar pela so-berba açorda de alheira, no ponto, cremosa e muito bem temperada, omeleta de espargos trigueiros, laminado de tomate e azeite virgem ou as repolgas grelha-das, pimentos padrón e azeite.
Deve-se depois experimentar o polvo á avó Palmira – tenríssimo, grelhado, com knel de batata e grão, ervilha de quebrar salteada e molho de azeite e os bacalhaus, sobretudo o bacalhau das segadas ou o delici-oso bacalhau assado, lascado, com migas de pão de trigo e pasta de azeitonas. Sempre com muito azeite!
Nas carnes continua o festim irresistível com a coste-leta de vitela ou a posta de vitela Mirandesas, esta em torrada de azeite DOP Trás-os-Montes, o trio de porco bísaro com purés de maçã e de batata, a tradicional alheira de Mirandela grelhada e seus acompanhamen-tos, ou o ensopado de perdiz com espargos e azeite de trufa. Mas se quisermos outros acompanhamentos podemos optar por migas transmontanas, cuscus de Vinhais aromatizados, batata a murro ou milhos gui-sados de cabaçote.
Termina-se com umas deliciosas farófias, mil folhas de frutos silvestres, tarde de maçãs de Carrazeda e gelado e baunilha ou pudim azeitado, gelado de azeite e azeitonas doces em mel, de lamber os beiços.
Por fim ficamos por ali recostados para trás ou na esplanada a beber um último copo dum dos excelentes vinhos transmontanos, a apreciar toda aquela beleza…
Já a pensar em voltar a este Flor de Sal, de Mirandela.