A Casa de Paços é um dos produtores de referência na região dos vinhos verdes, que se foi impondo pela qualidade dos seus vinhos, divididos por duas quintas: uma na região de Barcelos, onde também está a adega, a outra mesmo á entrada de Monção, ocupada por vinhas da casta Alvarinho. Propriedade familiar, que tem vindo a passar de geração em geração, tem no dr. Silva Ramos a figura carismática e tutelar, homem culto e de grande sabedoria, que faz vinho com uma grande paixão. Paixão que passou ao filho Paulo, professor catedrático nesta área de intervenção, e que tem feito uma interpretação correctíssima das tradições da cultura do vinho, juntando-lhe a modernidade científica que lhe é tão útil. A eles junta-se toda a arte e bom gosto do enólogo Rui Cunha, cheio de experiência a fazer vinhos de excelência em várias regiões, que no copo nos transmitem um incrível bom gosto.
E são dos poucos produtores da região dos vinhos verdes que têm o bom gosto e o cuidado de ir fazendo reservas de vinhos para envelhecer em garrafa. Os resultados têm-se revelado extraordinários!
Visito a Casa de Paços já há bastantes anos, e tenho acompanhado a sua evolução, não só na produção de vinhos, mas também nas alterações que foram efectuando nas instalações de Barcelos, hoje muito bem preparadas e apetrechadas para receber eventos vários.
Foi isso que se passou recentemente, quando um grupo de “wine lovers” se juntou e rumou á quinta para uma visita, uma prova de muitos vinhos e um almoço. Na impossibilidade da presença do pai, foi o filho Paulo que nos guiou primeiro pela vinha ali á volta, depois pela casa secular muito bem recuperada e finalmente numa prova de vinhos soberba.
Aqui está o resultado:
-Moscatel Galego Regional Minho 2017 – fresco, as notas características do Moscatel, levemente adocicado no nariz mas seco na boca. Acidez, frescura e muita elegância. Jovem e muito equilibrado.
-Fernão Pires 2017 – sempre elegância, muito equilíbrio, notas adocicadas na boca mas óptima acidez.
-Fernão Pires 2012 – amarelo palha, muito intenso no nariz com as características notas de querosene. Belo ataque de boca, exótico, com boa estrutura e sempre elegante.
-Fernão Pires 2009 – amarelo carregado, menos intenso no nariz mas muito interesssnte, elegantíssimo. Levemente adocicado mas com acidez a equilibrar.
-Loureiro/Arinto 2017 – elegante e suave no nariz, com leves notas florais. A tipicidade do Loureiro na boca, fresco, com óptima acidez, algo seco o que faz dele um vinho muito gastronómico.
-Loureiro/Arinto 2016 – ainda suave no nariz, muito elegante e mais complexo na boca, mantendo óptima acidez, notas florais e muita frescura. Belo vinho.
-Loureiro/Arinto 2010 – nariz incrível de complexidade, evoluido, exótico. Boca intensa, cheio de elegância, notas de evolução diversas, grande acidez, final enorme.
Loureiro/Arinto 2007 – Grande equilíbrio, suave mas seguro. Óptimo ataque de boca, poderoso mas equilibrado, com alguma salinidade, grande vinho.
Loureiro/Arinto 2005 – grande elegância, embora muito suave, com notas ligeiras de vinagrinho. Continua a elegância na boca, alguma intensidade, óptima acidez, notas de complexidade, belíssimo final.
-Superior 2017 – Alvarinho, Loureiro e Arinto – belo nariz, equilibrado, tudo no sítio. Acidez, frescura, estrutura, seco, final muito longo.
-Superior 2016 – algo evoluído no nariz, mantendo o equilíbrio. Muito fresco, bela acidez, notas de fruta branca bem madura.
-Superior 2013 – notas de evolução no nariz com muita elegância. Belas notas de evolução também na boca, ainda com boa fruta, acidez bem presente e alguma complexidade.
Superior 2010 – amarelo torrado, notas de evolução no nariz, sedoso, menos intenso. Começa muito elegante na boca mas evolui rapidamente, seco, ainda bastante fresco com final longo…
-Morgado do Perdigão Alvarinho/Loureiro 2017 – elegância, aveludado e com muita frescura. Grande ataque de boca, muito fresco, cítrico, levemente floral, jovem e irreverente, um vinho moderno!
-Casa Capitão-Mor Alvarinho 2017 – nariz suave, muito elegante. Acidez incrível na boca, muita frescura, notas consistentes de frutos tropicais e algum citrino.
-Casa Capitão-Mor 2016 – nariz menos intenso, menos interessante. Na boca mantém a qualidade e o nível.
-Casa do Capitão-Mor 2015 – nariz suave nas elegante. Na boca intensidade, notas de salinidade, muito fresco, ainda vai evoluir,
-Casa do Capitão-Mor 2012 – bela evolução, muita intensidade. Evolução, querosene, notas de mel, grande acidez, belo exemplar.
-Casa do Capitão-Mor 2011 – muito elegante, sedoso, notas ligeiras de evolução. Grande na boca, acidez, frescura, seco, intenso e volumoso.
Grande Vinho!
-Casa do Capitão-Mor 2010 – grande nariz, evoluído, elegante, intenso. Belíssima boca, acidez e frescura, apetrolado, muito complexo. Grande vinho.
-Casa do Capitão-Mor 2009 – amarelo torrado, nariz suave, leve, menos intenso. Muito bom na boca,
ainda fresco e com boa acidez, alguma fruta, complexidade, muito bom.
Casa do Capitão-Mor 2007 – intenso, complexo, evoluido. Notas de compota, boa acidez. Alguma complexidade.
Casa do Capitão-Mor 2006 – complexo, intenso, evoluído, saboroso, bela estrutura, um vinho irreverente.
Casa do Capitão-Mor 2005 – Vinho incrível, frescura, acidez, elegância, intensidade, parece um vinho novo!!!
Casa do Capitão-Mor 2004 – muito elegante, ligeira evolução, muita complexidade. Grande ataque de boca, acidez incrível, seco, evoluído, notas vegetais ligeiras, nunca mais acaba!!
Seguidamente, depois desta “tareia” de vinhos, teve lugar o almoço, durante o qual se continuaram a provar alguns vinhos desta casa tradicional para acompanhar camarão salteado sobre tostas, robalo com risotto de espargos e citrinos e uma mousse de lima.
Estávamos cansados, rendidos mas muito gratos á família Ramos pela belíssima recepção e por continuarem a fazer vinhos extraordinários…
Muito obrigado!