O chefe José Cordeiro quase que dispensa apresentações. Não só pelas suas participações em programas de televisão de concursos culinários, mas sobretudo pelo seu trajecto na restauração, já com muito anos de estrada, iluminado várias vezes pelas famosas estrelas do guia Michelin. Depois dum longo caminho, poisou na região do Porto, mais precisamente em Gaia e ali criou o seu Blini.
Que resulta da recuperação, ou melhor, da construção de raíz dum espaço num local onde existia outrora um café.
E que tem desde logo uma das mais fantásticas vistas para Gaia e para o Porto, com a ponte Luis I mesmo ali ao lado. É como estarmos a ver toda aquela beleza em camarote de luxo!!
Entra-se e depara-se com um espaço muito cuidado, até com algum requinte, mas muito confortável. E onde aquela paisagem parece que entra por ali dentro, arrebatadora. Mobiliário de grande qualidade, enorme aquário onde repousam peças de marisco vivas, e uma amesendação impecável, com tudo o que é necessário para uma grande refeição. Proposta, servida e guiada por profissionais que estão á altura do espaço e daquilo que o chefe quer que ele seja.
Numa das visitas, depois de confortavelmente sentados á mesa, vieram vários tipos de pão – pão de cebola, de nozes e uvas passas, regional de Mafra, regueifinhas e flat bread com sementes de sésamo – acompanhados por manteiga de cabra. Depois de servida a água e o vinho, veio tártaro de atum em cana de pele de salmão desidratada e granizado de gengibre. Requinte, ousadia, muito bom.
Seguiu-se uma salada de bacalhau com grão de bico, cebola acidulada e azeite de salsa que associou a tradição á inovação, estava deliciosa. Foi a vez duma gyosa de lagosta com molho de manteiga branca e Champagne, plena de requinte, na companhia dum crocante de tinta de choco, excelente.
O prato de resistência foi um costeletão de carne maturada grelhada no ponto, suculenta, bem churrascada mas vermelha por dentro, tenra e muito saborosa, na companhia dum tradicional arroz malandro de enchidos, feijão vermelho e grelos. Que mais se pode pedir??!!
Fechou-se com um prato de fruta laminada muito bem apresentado.
Mas a ementa vai muito para além desta proposta, e o chefe está sempre a inovar, a criar novos pratos, irrequieto e irreverente, mas com grande conhecimento culinário, que nos coloca na mesa com muito bom gosto.
Recostados para trás, apreciamos toda aquela beleza…